Dois pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realizaram estudo que aponta que se os preços dos imóveis continuar em alta é muita concreta a possibilidade concreta da existência de bolha no mercado de imóveis no Brasil e que pode estourar com a possível elevação futura dos juros. De acordo com os especialistas, essa disparada dos preços de casas, terrenos e apartamentos nos últimos anos está resultando em valores irrealistas, incompatíveis com os movimentos de oferta e procura do mercado e, portanto, insustentáveis.
Os autores, os economistas Mário Jorge Mendonça e Adolfo Sachsida, vão contra a maré do setor que diz que não há risco de bolha e que os preços se estabilizaram. Para eles, os preços tiveram alta de 165% na cidade do Rio de Janeiro e de 132% em São Paulo entre janeiro de 2008 e fevereiro deste ano, contra uma inflação de 25% no período.
Houve certo circulo vicioso no mercado. Com mais oferta, mais procura; com mais procura, mais incentivo do governo para o financiamento para aquecer o mercado. Conforme o estudo, a escalada dos preços dos imóveis tende a ser interrompida ou revertida com a alta dos juros, o que é esperado com a retomada do crescimento econômico e, mais ainda, com uma alta futura das taxas internacionais.
Mas, diferentemente do que aconteceu nos Estados Unidos, os efeitos por aqui não seriam tão catastróficos e não resultariam em crise global como lá. Os preços aumentam em razão de certa especulação de investidores, pois acreditam que os preços subirão ainda mais no futuro.
No Brasil, a especulação não é tão forte, pois o forte do mercado é para a compra de imóvel próprio e não para investimento – pelo menos a grande maioria. A alta pode ser resultado da ampliação da classe média nos últimos anos, possibilitada pela melhora do mercado de trabalho e pela ampliação dos programas de transferência de renda. No caso de uma possível bolha no Brasil, os efeitos seriam menos desastrosos, mas não seriam desprezíveis.
Mas é bom que se deixe claro que esse estudo é uma análise de dois economistas, mas não são reverberados pelo mercado.